quarta-feira, 26 de maio de 2010

SALVADOR FELIPE JACINTO DALÍ I DOMÉNECH – VIDA E OBRA – BREVE HISTÓRICO

"Sem audiência, sem a presença de espectadores, essas jóias não iriam cumprir a função para a qual anseei. O espectador, então, é o melhor artista."


As excentricidades e declarações provocadoras fizeram de Salvador Dalí uma das mais polêmicas figuras da arte contemporânea, mas não impediram que sua obra fosse reconhecida como uma das mais audaciosas e apuradas da pintura surrealista.
Salvador Dalí, nasceu em 11 de maio de 1904, no número vinte da carrer Monturiolin da vila de Figueres, Catalunha, Espanha. Desde cedo revelou talento para o desenho e em 1921 o pai, um tabelião, mandou-o para Madri, para estudar na escola de Belas-Artes de San Fernando, da qual seria expulso anos depois declarando que ninguém na Academia era suficientemente competente para o avaliar. Dalí chamava a atenção nas ruas com um excêntrico cabelo comprido, um grande laço ao pescoço, calças até o joelho, meias altas e casacos compridos.
O que lhe possibilitou maior atenção, foram quadros com registros de experiências com o Cubismo. Fez também experiências com o Dadaísmo, que provavelmente influenciou todo o seu trabalho.
Na capital espanhola conheceu o cineasta Luis Buñuel e tornou-se amigo intimo de Federico Garcia Lorca. Suas primeiras obras, como “Moça à janela”, enquadradas numa linha naturalista e minuciosa, já produziam uma ambígua sensação de irrealidade, que se acentuaria posteriormente.
Em 1928, persuadido pelo pintor catalão Joan Miró, transferiu-se para Paris e aderiu ao movimento surrealista e em agosto, conheceu a sua musa e futura esposa, Gala Éluard ( nome verdadeiro – Elena Ivanovna Diakonova, nascida em Kazan, Tartária, Rússia).
Colaborou então com Buñuel em dois filmes célebres, Um Chien andalou ( Um cão andaluz) e L’Âge d’or ( A idade do ouro) e pintou algumas de suas melhores obras: “A persistência da memória” e “O grande masturbador”.
Sua exposição de 1933 lhe trouxe fama internacional e Dalí lançou-se, então, a uma vida social repleta de provocações e excentricidades. Essa atitude, por alguns considerada mistificadora e venal, aliada a uma postura apolítica, provocou sua expulsão do grupo surrealista. Durante esse período, adotou o “método de interpretação paranóico-crítico”, baseado nas teorias da psicanálise, associando elementos delirantes e oníricos numa linguagem pictórica realista, com freqüentes imagens duplas e objetos do cotidiano, como em “Construção mole com ervilhas cozidas”, “Praia com telefone”, “Premonições da guerra civil”, Canibalismo de outono” e “O sono”.
Durante a segunda guerra mundial, Dalí radicou-se nos Estados Unidos, perto de Hollywood, e colaborou em alguns filmes. No final da década de 1940, regressou a Espanha e deu início a uma fase inspirada em obras-primas de pintores do passado, como “A última ceia”, de Leonardo da Vinci, “As meninas”, de Velásquez, “Ângelus”, de Millet, “A batalha de Tetuan”, de Meissonier, e “A rendeira”, de Vermeer de Delft – seu pintor favorito.
Posteriormente, alternou a pintura com o desenho de jóias e a ilustração de livros. Enquanto isso, sucediam-se as retrospectivas de sua obra (Nova York – 1966; Paris – 1979; Madri – 1982) e, à medida que diminuíam suas aparições públicas, a polêmica dava lugar à renovação do interesse de sua pintura.
Em 1974, foi inaugurado em Figueres o Museu Dalí. Oito anos depois, em Port Lligat, na madrugada de 10 de junho de 1982, morreu Gala, fato que incidiu negativamente sobre sua atividade artística.
Mudou-se de Figueras para o castelo em Pubol, que comprara para Gala. Em 1984, deflagrou um incêndio no seu quarto em circunstâncias pouco claras, sendo Dalí salvo e levado para Figueres, onde um grupo de amigos, patronos e artistas se assegurou de que o pintor vivesse confortavelmente os seus últimos anos no teatro-museu.

Em 23 de janeiro de 1989, aos 84 anos, morreu Salvador Dalí, de insuficiência cardíaca na mesma Figueres natal, deixando uma farta e importante obra  no cenário artístico mundial para apreciadores e estudiosos do gênero.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Empresa Folha da Manhã S.A., 1996
Encarte das edições de domingo da Folha de S. Paulo de março a dezembro de 1996.

Grande Enciclopédia Barsa – 3ª ed. – São Paulo: Barsa Planeta Internacional Ltda., 2004